O MENINO MUQUIRANA: Uma Crônica para Refletir sobre Economia
Desde pequeno, Tonico já dava sinais de que seria… digamos… econômico. Enquanto os colegas compravam salgadinhos na cantina, ele levava de casa um pão seco embrulhado num guardanapo usado e dizia, com orgulho no peito: “Aqui é investimento!”
Tonico não jogava nada fora. Guardava os lápis até virarem tocos invisíveis, remendava a borracha com fita adesiva e usava a mesma caneta desde o primeiro ano — só recarregava, claro, com refil comprado pela metade do preço no bazar do bairro.
Na escola, ficou famoso por três frases:
1. “Pra que gastar se dá pra improvisar?”
2. “Promoção é arte.”
3. “Emprestar é o primeiro passo para perder.”
Se alguém pedia uma folha de caderno, ele puxava o bloco, calculava mentalmente o custo da folha, da tinta da caneta e do tempo de escrita, e respondia: “Posso alugar por R$0,25.”
Quando os colegas decidiram fazer uma vaquinha para o passeio da turma, Tonico apareceu com uma moeda de R$0,10 e disse: “É minha parte proporcional, considerando que eu vou de bicicleta e levo meu próprio lanche.”
Aliás, o lanche de Tonico era sempre uma surpresa à parte: restos do jantar da vovó, uma maçã com metade comida (guardada do dia anterior) e uma caixinha de suco... reutilizada com água e açúcar. “Sabor é questão de costume!” — justificava.
Em casa, o menino não era diferente. Desligava as luzes até da geladeira (quando dava), cronometrava o banho para não passar dos três minutos e reutilizava a água do arroz para regar as plantas — mesmo que as plantas fossem de plástico.
No Natal, enquanto os primos pediam videogames e tênis da moda, Tonico escreveu para o Papai Noel: “Traga só um envelope vazio. Vou usar para guardar meus recibos de economia.”
Mas não pense que ele era infeliz. Tonico se divertia com as pequenas vitórias financeiras:
Consegui uma manga de graça no pé da praça!
Economizei dois reais hoje porque não fui com a turma no lanche!
Meu chinelo tá com o elástico de caderno, mas tá funcionando perfeitamente!
Cresceu assim, orgulhoso de cada centavo poupado. E mesmo que todo mundo achasse exagero, no fundo sabiam: Tonico, o menino muquirana, era mestre em transformar o mínimo em motivo de riso e, principalmente, em lição.
Porque no fundo, ele nos lembrava que ser rico não é ter muito, é precisar de pouco — e que economia, quando bem
humorada, vira até crônica de sucesso.
Perguntas:
✅ 1. O texto “O Menino Muquirana” é um exemplo de qual gênero textual?
A) Poema
B) Crônica
C) Carta pessoal
D) Notícia
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✅ 2. Qual é a principal característica da linguagem usada na crônica?
A) Técnica e científica
B) Formal e impessoal
C) Coloquial, com humor e proximidade
D) Jurídica e objetiva
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✅ 3. No trecho: “Tonico, o menino muquirana, era mestre em transformar o mínimo em motivo de riso...”, a expressão “transformar o mínimo em motivo de riso” indica:
A) Tristeza com a pobreza
B) Capacidade de rir da situação econômica
C) Que ele não gostava de gastar
D) Que ele era um comediante
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✅ 4. Marque a alternativa que apresenta um fato presente na crônica:
A) Tonico desligava até a luz da geladeira.
B) Tonico é o menino mais inteligente da escola.
C) Tonico era o mais econômico do planeta.
D) Tonico nunca será feliz por economizar tanto.
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✅ 5. Agora, marque uma opinião presente no texto:
A) Tonico levava pão seco embrulhado em guardanapo usado.
B) Tonico era famoso por suas frases de economia.
C) Tonico era mestre em economizar e fazer disso uma lição.
D) Tonico calculava o custo de cada folha.
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✅ 6. Qual é a causa de Tonico levar o próprio lanche ao invés de comprar na cantina?
A) Ele não tinha lancheira.
B) Queria evitar contato com os colegas.
C) Para economizar e não gastar dinheiro.
D) Porque ele era alérgico a salgadinhos.
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✅ 7. Qual das frases mostra uma consequência das atitudes de Tonico?
A) Ele economizava o máximo possível.
B) Usava elástico de caderno no chinelo.
C) Todos diziam que ele era exagerado, mas aprendiam com ele.
D) Levava frutas meio comidas de casa.
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✅ 8. A expressão “Sabor é questão de costume!”, usada por Tonico, revela que:
A) Ele era cozinheiro profissional.
B) Ele não gostava de frutas.
C) Ele tinha orgulho das economias e se adaptava bem.
D) Ele era forçado pelos pais a comer assim.
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✅ 9. O texto apresenta marcas típicas do gênero crônica, como:
A) Uso de dados científicos e gráficos.
B) Linguagem jornalística e impessoal.
C) Situações cotidianas com humor e crítica.
D) Fatos históricos narrados com precisão.
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✅ 10. Por que a crônica pode ser considerada reflexiva e crítica?
A) Porque apresenta um menino mal-educado.
B) Porque critica a escola e os colegas.
C) Porque brinca com o exagero da economia para provocar reflexão.
D) Porque ensina matemática com as contas de Tonico.